COMUNICAÇÃO AMEBRASIL

30 de abr de 20193 min

Número de militares inativos pode dobrar no país até 2031

Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que 52% do contingente de militares estaduais em atividade hoje no país estará aposentado até 2031, se as atuais regras previdenciárias continuarem em vigor. Hoje, a folha de pagamento da categoria custa R$ 80 bilhões aos cofres públicos, sendo que Minas Gerais e Rio de Janeiro são os Estados que comprometem a maior parte da Receita Corrente Líquida (RCL), de 20%, com o pagamento de inativos e pensionistas militares.

De acordo com o levantamento, são 456,6 mil policiais militares e bombeiros que trabalham no país, enquanto o número de reformados e na reserva é de 252 mil. A projeção do instituto é que, em pouco mais de uma década, haja 488,5 mil inativos. Em Minas, são atualmente 47,5 mil militares em atividade e 31 mil inativos. A previsão é que outros 21,4 mil se juntem a esse último grupo até 2031, somando 52,4 mil.

Em uma década, o gasto dos Estados com a folha de pagamento da classe quase dobrou. Se em 2006 eles empenhavam, juntos, R$ 39,9 bilhões para quitar com as remunerações da categoria, em 2017 a quantia subiu para R$ 79 bilhões, em valores de junho de 2018, nos dois momentos. Isso corresponde a 12,5% da RCL, sendo que dois terços dessa variação se devem ao aumento nas despesas com inativos e pensionistas. Enquanto isso, o Ipea indica que o crescimento médio da RCL, somada das UFs elevou-se em cerca de 3% ao ano nesse mesmo período, enquanto o gasto total da folha com os militares subiu, em média, 7% nesse mesmo período.

O estudo também mostrou que os mineiros gastam mais para bancar os inativos, que custaram em 2017 o total de R$ 6,4 bilhões. Enquanto isso, a quantia de R$ 4,3 bilhões foi despendida para custear os que ainda trabalham. Hoje, Minas Gerais é o segundo Estado do país que mais empenha recursos com os militares, perdendo apenas para São Paulo, que destinou R$ 14,2 bilhões em 2017. 

Motivos

O comprometimento dos gastos estaduais com policiais e bombeiros ocorre por diversos motivos. Um deles é que, observando a folha de pagamento de 2016, é constatado que o valor médio das remunerações dos inativos é maior do que os que estão trabalhando, sendo de R$ 7.860,60 e R$ 5.237, respectivamente.

Outro fator que impacta os gastos das administrações estaduais com a categoria é que os seus membros se aposentam mais cedo, já que maioria dos inativos possui 60 anos ou menos e apresenta expectativa de sobrevida superior a 20 anos. De acordo com a pesquisa, a média de idade de entrada na inatividade de um militar estadual é entre 47 e 53 anos. Consequentemente, a duração esperada dos benefícios concedidos é de quase 30 anos. A polícia responde por cerca de 85% do pessoal militar nos Estados.

A reforma da Previdência enviada pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso prevê uma reestruturação da carreira dos militares. Ela pretende fazer com que o tempo mínimo de serviço passe de 30 anos para 35 anos. Os cálculos do Ipea indicam que somente a implantação desse ponto implicaria uma redução dos gastos dos Estados com pessoal militar de R$ 29 bilhões nos dez primeiros anos e de R$ 91 bilhões em duas décadas. 

Impacto

O coordenador de Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e coautor do estudo, Claudio Hamilton dos Santos, diz que a dinâmica dos gastos estaduais com as corporações militares é preocupante. Isso porque, diferentemente dos civis, o quantitativo de militares ativos não deverá sofrer reduções significativas.

Os grupos militares nos Estados são formados, em sua maioria, por praças (90%) das PMs e dos Corpos de Bombeiros. Já o custeio dos militares de Exército, Marinha e Aeronáutica são de responsabilidade do governo federal. 

fonte: O Tempo, leia a matéria original clicando aqui.

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