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"Gesto do Presidente nos deixou envaidecidos"

Coluna Eixo Capital/Por Ana Maria Campos


Foto: Luis Nova - D.A Press

A Colnua EIXO CAPITAL do Correio Braziliense entrevistou o Coronel Wellington Corsino, Presidente da Associação dos Militares Estaduais do Brasil (Amebrasil), a respeito da participação do Presidente Jair Bolsonaro na manifestação do dia 31 de maio, ocasião em que ele colocou máscara com o brasão da PMDF e montou em um dos cavalos do regimento. Acompanhe a entrevista na íntegra:


A Polícia Militar do DF apóia as manifestações contra o STF e o Congresso?


O policial militar em serviço não entra no mérito de qualquer manifestação. Ele está lá para garantir a integridade dos manifestantes, proteger o patrimônio público e garantir a ordem pública. As crenças pessoais dos policiais militares não influem no desempenho da missão recebida. Nós, policiais militares, nos balizamos pelo estado de direito e pelas determinações emanadas dos nossos comandantes.


Pode-se dizer que a corporação é aliada do presidente Jair Bolsonaro?


A PMDF trabalha na perspectiva do cidadão. Existimos por causa dele. Somos o fiel da convivência social. Os policiais são aliados e seguidores da Constituição e das leis. O presidente da República, como Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, tem nosso respeito e nossa admiração pelo fato de ele também ser um militar. Também o admiramos pelo fato de ele compartilhar os mesmos valores militares que nós defendemos e cultuamos. O gesto do presidente ter colocado a máscara com o brasão da PMDF e ter montado um cavalo do nosso regimento nos deixou envaidecidos, da mesma forma que o MST deve ter ficado envaidecido quando os ex-presidentes Lula e a Dilma usaram o boné daquela organização.


Temos visto situações em que policiais militares demonstram preferência pelo governo Bolsonaro, inclusive no DF. Isso é uma sinalização política favor do presidente?


É público que o atual presidente, como militar que é, tem muitos eleitores que são militares federais e estaduais. O mesmo acontecia na “Era JK”, já que o ex- presidente Juscelino, equivalentemente, foi um oficial da Polícia Militar de Minas Gerais.


Em meio a manifestações pelo mundo de repúdio ao assassinato de um homem negro por um policial nos Estados Unidos, um PM agrediu um negro em Planaltina. Há racismo na corporação?


A PMDF é composta de homens e mulheres de todas as etnias, de todas as religiões, assim como acontece nas Forças Armadas. Como somos o somatório do grupo social a que pertencemos, afirmo que não aprendemos racismo nas nossas academias e escolas militares. Pelo contrário, aprendemos a ser plurais em pensamento, palavras e atos, bem como tolerantes com o próximo. Na nossa atividade estamos sujeitos a muito estresse e, em algum momento, alguém pode sair da normalidade psicológica/técnica e praticar um ato também anormal e que uma vez acontecido é investigado e punido por nós (justiça militar e nossos rígidos códigos disciplinares) e pela justiça comum também. Posso garantir que não existe racismo exposto na nossa instituição. Mas, se houver alguma manifestação, iremos reprimir e punir exemplarmente. Entendo que não podemos comparar a situação do policial norte-americano com a nossa realidade. Mas, entendo que antes de ser um crime de racismo perpetrado por ele, creio ter sido um crime onde a imperícia e a negligência foram as causas determinantes. A reação popular foi fruto das antigas cicatrizes de racismo da sociedade americana. Quando um jornalista, assassina sua esposa não quer dizer que todos os jornalistas são propensos a cometer crimes dessa natureza. Por essa razão, devemos ter cuidado nas comparações e generalizações sem levarmos em conta as diferenças de realidades sociológica, antropológica, psicológica e cultural.



Ana Maria Campos

Formada em Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB), com especialização em Novas Mídias, é editora de política no Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital, do Correio.

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