PM está desestimulada, diz Deputado Federal Augusto, que cobra melhor salário
- Comunicação AMEBRASIL
- 12 de jul.
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fonte: JCNET
O deputado federal Capitão Augusto (PL) vê um crescente descontentamento da tropa da Polícia Militar (PM) com as condições de trabalho hoje oferecidas. A avaliação é baseada numa enquete feita pelo parlamentar em junho com mais de dois mil profissionais da ativa e cujo resultado indica elevado grau de insatisfação, sobrecarga e evasão na corporação. Segundo o parlamentar, a enquete "retrata aquilo que a gente percebe no dia a dia".
De acordo com Augusto, mais de 70% dos policiais se dizem insatisfeitos ou muito insatisfeitos com a profissão, ao passo que quase metade afirma que deixaria a PM caso tivesse outra oportunidade.
"Tem policial já pedindo baixa com poucos anos de serviço. É jovem, vocacionado, passou por todo o processo seletivo e mesmo assim está desistindo. Isso mostra como o cenário é preocupante", menciona.
Augusto afirma já ter cobrado providências do governo estadual e levado o caso ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo o deputado, o problema "se arrasta desde os tempos do PSDB, que ficou 30 anos governando São Paulo, não valorizou [a PM] e não fez a reposição necessária".
"A tropa está desestimulada. A maioria entrou por vocação, mas hoje está pressionada por fatores como baixo salário, jornadas exaustivas e condições precárias de trabalho", acrescentou o parlamentar. Uma proposta real e factível, afirma, tem de envolver reajuste salarial, plano de carreira mais atrativo e melhoria nas condições de trabalho.
Além da insatisfação geral, a enquete revelou também que 83,5% dos respondentes apontaram o reajuste como prioridade máxima. Já mais da metade admite que estuda ou pretende estudar para sair da PM. "Isso mostra que a evasão não é pontual. Há uma falta de perspectiva", afirma.
A estrutura da corporação também foi alvo de críticas na enquete. Quase 45% dos policiais avaliam que armamentos, viaturas e instalações estão em condições precárias. E 54,1% dizem não se sentir valorizados institucionalmente.
"Esse ambiente compromete o moral [da tropa] e gera uma debandada silenciosa. A reposição de efetivo vira um desafio, e ainda perdemos a experiência dos mais antigos", explica.
A redução do efetivo, acrescenta, vem agravando a sensação de insegurança. "Já temos casos de três municípios que se unem para formar uma única equipe. Não é só a segurança que está em jogo, é a sensação de segurança que a população perdeu. Tínhamos quase 94 mil PMs para uma população de 30 milhões. Hoje, temos 80 mil para mais de 46 milhões. Em vez de termos 121 mil policiais, como seria o ideal, temos menos que antes", lamenta.
O parlamentar também aponta que a estagnação do plano de carreira é um agravante. "São mais de 30 anos com uma das promoções mais travadas do País, tanto para praças quanto para oficiais. Isso desmotiva e afasta quem gostaria de permanecer", diz.
Segundo ele, a situação impacta diretamente na saúde física e mental da tropa. Ele cita o número recorde de 788 pedidos de exoneração em 2024, o maior desde 2018, e 3.500 afastamentos psiquiátricos registrados desde 2020.
"A seleção do policial é rígida, exige investimento e leva até dois anos de formação. E mesmo assim, ele entra e logo sai. Isso tem custo, tem impacto, e revela o quanto a profissão perdeu atratividade", pontua.
Augusto também critica o que classifica como "resistência ideológica" do governo federal em relação ao endurecimento da legislação penal. Para ele, essa seria a principal medida de curto e médio prazo capaz de melhorar a segurança pública.
"Todos os países que reduziram drasticamente a criminalidade adotaram o endurecimento da lei penal. É preciso mostrar que o crime não compensa. Mas o governo atual não quer isso. Tudo que a gente apresenta para endurecer a legislação, o governo é contra", afirma.
Segundo o deputado, a proposta apoiada por ele para enquadrar facções criminosas como grupos terroristas — o que elevaria o patamar das penas — foi barrada por partidos da base. "Queríamos punição dura, com prisão inicial em regime fechado e sem progressão de pena. Mas a esquerda foi contra. É uma PEC que poderia ajudar, mas o governo empurra outra que só cria confusão institucional", comenta.
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